Trubetzkoy
e Jakobson voltaram seus estudos principalmente para a fonologia. Trubetzkoy, com seus
trabalhos, lançou vários fundamentos como a distinção entre fonética e
fonologia, sendo a fonologia o estudo sobre as funções distintivas do som –
função demarcadora e função expressiva. Jakobson, por sua vez, trouxe a
distinção de categorias marcadas e não-marcadas, e os conceitos de referente,
emissor, função fática, conativa, emotiva, metalinguística, etc.
Mas
não só no campo fonológico os linguistas da Escola de Praga influenciaram. Lá
foi iniciado o estudo da “concepção funcional da sentença”, ou seja, a ordem em
que os elementos aparecem numa frase depende da situação em que o emissor se
encontra. O contexto e a intenção organizam as palavras dentro da sentença.
Com
essa característica, o funcionalismo se volta para os propósitos da situação
comunicativa – quem produz a frase, para quem se fala –, se distanciando do
estruturalismo que estudava a linguagem como expressão limitada do pensamento.
Por exemplo, os funcionalistas estudariam a linguagem usada nesse blog baseado
em seu contexto. Apesar de ser um trabalho universitário, o espaço em que o blog (internet) se encontra e o objetivo comunicativo (ser fonte de explicação
para quem nunca teve contato com o estudo linguístico) permitem que usemos o
português na sua forma mais popular e acessível.
Podemos pegar como exemplo também essa tirinha:
O funcionalismo explicaria que há a compreensão da mensagem, porque a troca do "L" pelo "R" na palavra "filme" é uma característica de pessoas do interior (contexto o qual pode ser percebido através das roupas usadas pelos personagens). Assim, não seria possível concluir que o personagem de azul está usando, como é usado em alguns lugares, a gíria "firme?" para perguntar "tudo bem?".
Outra
característica da corrente funcionalista é que toda língua possui uma gramática (conjunto de regras) estável, mas que se adequa diante das diversas situações da comunicação
interpessoal.
O
funcionalismo, portanto, estuda a linguagem como “um conjunto complexo de
atividades comunicativas, sociais e cognitivas”.
Postado por: Carolina Aurea
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Fonte:
CUNHA, A. F. In: Mario Eduardo Toscano Martelotta.(Org). Manual de lingüística.
São Paulo: contexto, 2008, v.1